terça-feira, 17 de maio de 2011

Autoria Coletiva


Quando Issac Newton disse: “Se enxerguei mais longe é por que me apoiei em ombros de gigantes” além de uma grande provocação a seu interlocutor-opositor Robert Hooke que era de baixa estatura e tinham várias divergências conceituais com Newton, entre elas sobre a natureza da luz, essa frase faz também uma alusão à importância e contribuições dos outros cientistas que o antecederam a Newton. Em especial as contribuições de Galileu Galilei para o princípio de inércia que estava presente nas suas discussões sobre a queda de corpos. A primeira lei de Newton – a Lei da Inércia, não é tão original assim do ponto de vistas do imaginário científico uma vez que seus princípios antecedem a construção teórica de Newton. Entretanto as leis de Newton constituem um referencial poderoso e consistente com o racionalismo e o determinismo, sintetizado em sua obra Princípios Matemáticos da Filosofia Natural e senso amplamente aceita e divulgado pela comunidade científica da época e ensinada desde a idade média até os dias atuais. Esse fato, embora sem tanto rigor histórico, traz á tona questões sobre como a autoria é complexa e controversa na ciência.

Atualmente, com os avanços comunicativos e interativos devido à presença das tecnologias contemporâneas de comunicação e ao mesmo tempo a busca de produtividade científica, fomentada pelas diversas agências financiadoras de pesquisa as polêmicas em torno da autoria são mais evidenciadas. O processo de citação das referências utilizadas na construção dos artigos, dissertações e teses legitimam as fontes da informação e permitem o debate teórico e confronto das ideais e argumentos, porém a originalidade como forma de garantir a autoria fica comprometido uma vez que a construção é feita de forma coletiva dando voz aos vários autores, mesmo quando fica explícito a posição do autor do artigo ele tem base de sustentação em diversos autores, portanto a construção é coletiva, temos então uma dialética entre autoria e coletividade do ponto de vista da originalidade das ideias.

Já no campo musical como podemos separar o autor do contexto de produção e das influencias dos vários músicos que serviram de inspiração e referencia musical para determinado autor, neste contexto também temos uma dialética na autoria individual e coletiva. O processo de criação existe, mas tem interconexões com os aspectos culturais no qual o sujeito autor está inserido.

A questão central é garantir ao mesmo tempo a dialética entre o individual e coletivo na produção intelectual negando a tradicional divisão cartesiana existente entre eles, por conta das pressões de ordem econômicas.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Colaboração X Capital

A colaboração vai de encontro à lógica do acúmulo de capital seja ele na perspectiva da informação, ou de bens tangíveis, pois ao mesmo tempo em que compartilhamos “o produto” é possível a construção coletiva de outros novos a partir da transformação do já existente, fruto de um trabalho coletivo e criativo. Em rede temos a disponibilidade de acesso a todos para compartilhamento e uso, deixando então de ser patrimônio privativo. Tornado-se público e, portanto de todos, para usar e modificar com liberdade. 
A educação tem um papel importante neste contexto, pois pode propiciar instrumentos intelectuais que levam a formação de um cidadão autônomo com visão crítica frente à cultura hegemônica do consumismo.  Para isso, temos que estruturar nossas atividades escolares com as tecnologias atuais de comunicação e informação numa perspectiva de colaboração e compartilhamento de saberes.

Caso contrário essas mesmas tecnologias podem potencializar o lógica do acúmulo de capital. Uma vez que sejam organizados sistemas de proteção do patrimônio intelectual. Nesta lógica temos um aprisionamento como condição para de manutenção do capitalismo da informação.
A inserção das tecnologias na sociedade pode ser aproveita tanto para potencializar os processos hegemônicos do capitalismo quanto para sucumbi-lo. Neste sentido, o que determina o papel delas é relação de social que é feita com essas tecnologias. Então a velha escola tem que ser renovada no sentido mais amplo do que a simples incorporação das TIC.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A dialética da Inclusão digital

A perspectiva da inclusão digital de Buzato (2007) como sendo:
...um processo contínuo e conflituoso, marcado pela tensão entre homogeneização e proliferação da diferença, tradição e modernidade, necessidade e liberdade, através do qual as TIC penetram contextos sócio-culturais (sempre heterogêneos), transformando-os, ao mesmo tempo em que são transformadas pelas maneiras como os sujeitos as praticam nesses contextos. (pg.54)
Mostra-nos que a dialética da inclusão das TIC não esta na ênfase da discussão da neutralidade da tecnologia ou no determinismo exacerbado nem contra o movimento de polarização da situação posta. Refletimos sobre a inclusão na perceptiva de dialética da preservação e transformação das narrativas não hegemônicas.
A inclusão digital vai para além da superação do acesso as TIC. Pois os processos de inclusão digital que se limitam apenas ao acesso, em grande medida buscam a inclusão na perspectiva de assimilação ou adequação ao sistema.  Ao passo que tentam homogeneizar as diversas culturas minimizando os diferentes. É como se o sistema funcional das grandes redes buscassem os periféricos não para tornarem-se novas redes sociais, com características próprias e emergentes dos seus membros, e sim para adaptá-los as realidades postas e propósitos hegemônicos pela imposição da troca entre acesso as TIC em detrimento da heterogeneidade das culturas.
A dialética da inclusão digital se opõe a esse movimento ao perceber que pequenas redes de comunidade se relacionam de forma intensa em busca de sua preservação ou transformação por algo emergente de interesse dessa comunidade, indo de encontro às grandes narrativas hegemônicas. Essas tecnologias potencializam as transformações construindo novos significados pelas trocas relativamente horizontalizadas.

Referências:
BUZATO, Marcelo. Entre a Fronteira e a Periferia: linguagem e letramento na inclusão digital. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Meu, seu ou nosso software?

As atuais tecnologias de comunicação e informação (TIC) provocam, dentre outras modificações, o processo transformação de átomo em bits essa mudança necessita de um produto cultural típico dessa contemporaneidade os softwares, que possibilitam armazenar, manipular, processar, e comunicar a informação. Tais produtos emergem da necessidade das diversas relações sociais, dentre elas as de natureza econômica, educativa, afetiva e psicológica. Sem essa produção cultural os hardwares perdem potencialidade, são apenas máquinas sem inteligência. As potencialidades das TIC esta agregado na percepção de serem vistas como tecnologias inteligentes. Portanto os softwares são em certa medida a essência dessas máquinas.
A percepção da importância dos softwares faz com que esse produto sofra um processo de individualização sendo meu, como propriedade, particular, ligado a determinado grupo de pessoas que buscam proteger o seu bem. No entanto ao fazer esse movimento visando em geral questões de ordem econômica, não possibilitam a construção do nosso produto. Vivemos assim uma restrição na possibilidade de uma cultura coletiva em detrimento da proteção da propriedade autoral com vista a possibilitar o lucro financeiro.
A garantia do meu, mostra-se um processo reducionista e contraditório, pois restringe a possibilidade de uma construção coletiva que agrega potencialmente as tecnologias uma inteligência coletiva e, portanto impulsiona as relações criativas dessa cultura. É restrita, pois apenas um pequeno grupo de donos do programa se relaciona em colaboração. Porém um movimento para o nosso, aumenta as afinidades entre as TIC e os sujeitos uma vez que elas são emergentes de uma coletividade que busca atender suas necessidades aperfeiçoando-as a cada instante num movimento contínuo de colaboração.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O que pode mudar no ensino de ciências com a web 2.0?

Retorno ao texto de Pretto (1996) sobre as pinturas na gruta de Lascaux, lembrando-me do papel importante dessas, usadas para socializar as técnicas e as histórias de suas caçadas, e viajo numa reflexão...  Se essas pinturas fossem feitas com as atuais tecnologias digitais, quais seriam as modificações que, de certo, iriam ocorrer na imagem, na memória, na velocidade, e na mobilidade? Mas, sobretudo na possibilidade de diferentes tribos serem co-participantes dessas pinturas. Atualmente, a web 2.0 estrutura e amplia as relações comunicativas, possibilita maior co-produção na comunicação, sendo possível modificar também as relações de ensino e aprendizagem numa perspectiva não transmissiva em particular no ensino de ciências onde as características transmissivas são mais marcantes.
A perspectiva transmissiva no ensino tem muita relação com as concepções sobre a natureza da ciência que transmite visões distorcidas. Tais distorções estão na visão empírico-indutivistas, na crença do conhecimento acumulativo, no método infalível de produção de conhecimento, na neutralidade da ciência e do cientista e no processo desumanização da ciência. Segundo Gil Pérez et all (2001), tais concepções estão presentes nas aulas de ciência em todos os níveis educacionais e se distanciam largamente da forma como se constroem e produzem os conhecimentos científicos atualmente. Tais distorções remontam ao pensamento da fase da indiferença onde a arte, religião e mito confundem-se. O conhecimento era de sábios iluminados, a comunicação estruturada pela oralidade e escrita, Primo (2008).
Já Freire e Greca (2004) afirmam que a introdução da discussão de como conceitos e teorias desenvolvidas no século XX, questionam desde diferentes perspectivas, os pressupostos implícitos da Ciência, poderia também servir de elemento motivacional para incentivar os estudantes ao estudo destes temas, como o do tratamento de sistemas não-lineares, teorias de caos, a Relatividade ou a Mecânica Quântica contribuído também para uma visão menos deformada da ciência. Neste sentido o ensino de ciências é de um para todos, pois se reduz basicamente à apresentação de conhecimentos previamente elaborados, sem dar oportunidade aos estudantes de superar á educação bancária, para uma educação de co-participação em atividades na perspectiva de um ensino do tipo investigativo e, portanto não transmissivo. Essa superação é potencializada com as TIC no primeiro momento marcada pela velocidade na circulação, publicação e disponibilização de informações na rede, entretanto é limitada, conforme Primo (2008) na interação sendo superada com o desenvolvimento da web 2.0.
Os processos de cooperação on-line estão no centro do que se convencionou chamar de Web 2.0. Esta segunda geração de serviços on-line tem como principais objetivos potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo. A Web 2.0 deve ser compreendida não apenas como uma combinação de técnicas informáticas (serviços Web, linguagem Ajax, Web syndication, etc.), as quais permitem que sites apresentem recursos de interface antes disponíveis apenas em programas instalados no computador, mas também por sua intrínseca “arquitetura de participação”. (PRIMO, 2008, p. 63)
A inserção dessa tecnologia na educação em ciências contribuirá para a superação de uma visão não deformada do trabalho científico superando a passividade dos estudantes dos mais diversos níveis de ensino.

terça-feira, 29 de março de 2011

Escola Consumidora?

Ao ler Baumann, Modernidade Líquida, me fez refletir sobre o fato de que o shopping Center não são espaços de interação e sim templos de ação de consumo. Logo, são espaços individualistas na sua essência, e os encontros como já dito pelo autor são superficiais. Já a escola é potencialmente um templo de interação, pois é possível haver trocas de significados e experiências, portanto o verdadeiro espaço de referência para a interação, uma vez que, seus encontros tendem a ser mais duradouros em dias, anos ou mesmo a vida toda, mantendo relações interativas entre os sujeitos, portanto um espaço social coletivo. No entanto há escolas que procuram ser como shopping Center, nesse sentido são espaços de imitação dos templos de consumo não sendo assim verdadeiros na interação social de seus elementos. O consumo passa a ser neste caso a informação pronta e acabada visando no final de certo período acumular bens que possibilitem à aquisição maior a certificação, que opera como passaporte para o mundo do trabalho. Neste sentido é necessário tornar a escola um espaço verdadeiramente interativo onde a trocas sejam de tal forma que os estudantes sejam produtores e consumidores do conhecimento, tal possibilidade pode estrutura-se com as tecnologias de comunicação. Então nessa perspectiva temos uma re-significação das aulas em particular dos laboratórios didáticos experimentais. Surge a possibilidade de superação do espaço-tempo favorecendo a interação para a produção de conhecimento e não apenas consumo. Avançando inclusive sobre o aspecto da compreensão sobre a natureza da Ciência.