terça-feira, 26 de abril de 2011

A dialética da Inclusão digital

A perspectiva da inclusão digital de Buzato (2007) como sendo:
...um processo contínuo e conflituoso, marcado pela tensão entre homogeneização e proliferação da diferença, tradição e modernidade, necessidade e liberdade, através do qual as TIC penetram contextos sócio-culturais (sempre heterogêneos), transformando-os, ao mesmo tempo em que são transformadas pelas maneiras como os sujeitos as praticam nesses contextos. (pg.54)
Mostra-nos que a dialética da inclusão das TIC não esta na ênfase da discussão da neutralidade da tecnologia ou no determinismo exacerbado nem contra o movimento de polarização da situação posta. Refletimos sobre a inclusão na perceptiva de dialética da preservação e transformação das narrativas não hegemônicas.
A inclusão digital vai para além da superação do acesso as TIC. Pois os processos de inclusão digital que se limitam apenas ao acesso, em grande medida buscam a inclusão na perspectiva de assimilação ou adequação ao sistema.  Ao passo que tentam homogeneizar as diversas culturas minimizando os diferentes. É como se o sistema funcional das grandes redes buscassem os periféricos não para tornarem-se novas redes sociais, com características próprias e emergentes dos seus membros, e sim para adaptá-los as realidades postas e propósitos hegemônicos pela imposição da troca entre acesso as TIC em detrimento da heterogeneidade das culturas.
A dialética da inclusão digital se opõe a esse movimento ao perceber que pequenas redes de comunidade se relacionam de forma intensa em busca de sua preservação ou transformação por algo emergente de interesse dessa comunidade, indo de encontro às grandes narrativas hegemônicas. Essas tecnologias potencializam as transformações construindo novos significados pelas trocas relativamente horizontalizadas.

Referências:
BUZATO, Marcelo. Entre a Fronteira e a Periferia: linguagem e letramento na inclusão digital. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Meu, seu ou nosso software?

As atuais tecnologias de comunicação e informação (TIC) provocam, dentre outras modificações, o processo transformação de átomo em bits essa mudança necessita de um produto cultural típico dessa contemporaneidade os softwares, que possibilitam armazenar, manipular, processar, e comunicar a informação. Tais produtos emergem da necessidade das diversas relações sociais, dentre elas as de natureza econômica, educativa, afetiva e psicológica. Sem essa produção cultural os hardwares perdem potencialidade, são apenas máquinas sem inteligência. As potencialidades das TIC esta agregado na percepção de serem vistas como tecnologias inteligentes. Portanto os softwares são em certa medida a essência dessas máquinas.
A percepção da importância dos softwares faz com que esse produto sofra um processo de individualização sendo meu, como propriedade, particular, ligado a determinado grupo de pessoas que buscam proteger o seu bem. No entanto ao fazer esse movimento visando em geral questões de ordem econômica, não possibilitam a construção do nosso produto. Vivemos assim uma restrição na possibilidade de uma cultura coletiva em detrimento da proteção da propriedade autoral com vista a possibilitar o lucro financeiro.
A garantia do meu, mostra-se um processo reducionista e contraditório, pois restringe a possibilidade de uma construção coletiva que agrega potencialmente as tecnologias uma inteligência coletiva e, portanto impulsiona as relações criativas dessa cultura. É restrita, pois apenas um pequeno grupo de donos do programa se relaciona em colaboração. Porém um movimento para o nosso, aumenta as afinidades entre as TIC e os sujeitos uma vez que elas são emergentes de uma coletividade que busca atender suas necessidades aperfeiçoando-as a cada instante num movimento contínuo de colaboração.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O que pode mudar no ensino de ciências com a web 2.0?

Retorno ao texto de Pretto (1996) sobre as pinturas na gruta de Lascaux, lembrando-me do papel importante dessas, usadas para socializar as técnicas e as histórias de suas caçadas, e viajo numa reflexão...  Se essas pinturas fossem feitas com as atuais tecnologias digitais, quais seriam as modificações que, de certo, iriam ocorrer na imagem, na memória, na velocidade, e na mobilidade? Mas, sobretudo na possibilidade de diferentes tribos serem co-participantes dessas pinturas. Atualmente, a web 2.0 estrutura e amplia as relações comunicativas, possibilita maior co-produção na comunicação, sendo possível modificar também as relações de ensino e aprendizagem numa perspectiva não transmissiva em particular no ensino de ciências onde as características transmissivas são mais marcantes.
A perspectiva transmissiva no ensino tem muita relação com as concepções sobre a natureza da ciência que transmite visões distorcidas. Tais distorções estão na visão empírico-indutivistas, na crença do conhecimento acumulativo, no método infalível de produção de conhecimento, na neutralidade da ciência e do cientista e no processo desumanização da ciência. Segundo Gil Pérez et all (2001), tais concepções estão presentes nas aulas de ciência em todos os níveis educacionais e se distanciam largamente da forma como se constroem e produzem os conhecimentos científicos atualmente. Tais distorções remontam ao pensamento da fase da indiferença onde a arte, religião e mito confundem-se. O conhecimento era de sábios iluminados, a comunicação estruturada pela oralidade e escrita, Primo (2008).
Já Freire e Greca (2004) afirmam que a introdução da discussão de como conceitos e teorias desenvolvidas no século XX, questionam desde diferentes perspectivas, os pressupostos implícitos da Ciência, poderia também servir de elemento motivacional para incentivar os estudantes ao estudo destes temas, como o do tratamento de sistemas não-lineares, teorias de caos, a Relatividade ou a Mecânica Quântica contribuído também para uma visão menos deformada da ciência. Neste sentido o ensino de ciências é de um para todos, pois se reduz basicamente à apresentação de conhecimentos previamente elaborados, sem dar oportunidade aos estudantes de superar á educação bancária, para uma educação de co-participação em atividades na perspectiva de um ensino do tipo investigativo e, portanto não transmissivo. Essa superação é potencializada com as TIC no primeiro momento marcada pela velocidade na circulação, publicação e disponibilização de informações na rede, entretanto é limitada, conforme Primo (2008) na interação sendo superada com o desenvolvimento da web 2.0.
Os processos de cooperação on-line estão no centro do que se convencionou chamar de Web 2.0. Esta segunda geração de serviços on-line tem como principais objetivos potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo. A Web 2.0 deve ser compreendida não apenas como uma combinação de técnicas informáticas (serviços Web, linguagem Ajax, Web syndication, etc.), as quais permitem que sites apresentem recursos de interface antes disponíveis apenas em programas instalados no computador, mas também por sua intrínseca “arquitetura de participação”. (PRIMO, 2008, p. 63)
A inserção dessa tecnologia na educação em ciências contribuirá para a superação de uma visão não deformada do trabalho científico superando a passividade dos estudantes dos mais diversos níveis de ensino.